Os Três Princípios Básicos do Método Bates

Movimento
Centralização
Relaxamento

Primeiro princípio: o movimento
Panta Rei, disse um filósofo grego, ou seja, tudo flui, você não pode colocar o seu pé duas vezes no mesmo rio. Inúmeras escolas de pensamento e de disciplinas meditativas têm enfatizado o fato de que, se tudo está em constante movimento e transformação, pensar sobre no mundo de forma estática, imutável, só pode conduzir a equívocos e desastres. Mas, no entanto, acreditar em coisas "eternas" é uma necessidade de todas as crianças, de muitos adultos, de sociedades inteiras.

Não apenas a visão mas todas as nossas percepções são baseadas na mudança. Nós  percebemos as coisas em si, mas as suas mutações: se um som é constante termina por não o conseguirmos ouvir mais, se a mão está apoiada em alguma coisa, depois de um tempo não sente nenhuma sensação. Finalmente, se o olho é capaz de observar algo sem se mover em absoluto  (isto é possível apenas a título experimental), após um segundo e meio torna-se cego, Bates apercebeu-se desta constante: os olhos de quem tem problemas de visão movem-se muito menos do que aqueles que têm visão normal e rejeição do movimento estende-se a outros campos, compreendendo o corpo, as emoções e o pensamento.

Quem tem problemas de visão parece estar constantemente à procura de criar um ambiente "seguro" à sua volta, onde as coisas mudam tão pouco quanto possível e que as atividades não sejam intensas, e causem o mínimo de alterações possível. É importante compreender que este comportamento cria uma visão de mundo completamente baseada na rigidez.

Bates propõe muitas experiências úteis para tornar-se consciente de suas próprias atitudes e comportamentos. Ele propõe que desloque os seus olhos em qualquer lugar onde existe movimento, ou seja em todas as atividades da vida diária, incluindo a leitura, a condução, etc.

O segundo princípio: a centralização
Uma das conseqüências do olhar fixo, típico de quem tem problemas de visão, é que para ver algumas coisas, mantendo-se os nossos olhos imóveis, se amplia a percepção visual, se difunde em detrimento da nitidez. Se, por exemplo, mirarmos o rosto de uma pessoa, a pessoa que possua uma visão natural "explora" a sua cara, focando uma série de detalhes (até 3.600 por minuto) nítidos e focalizados, que o cerebro reconstruirá numa imagen nítida.

Quem fixa a sua vista tratará de ver, no seu conjunto, todo o rosto de igual maneira mas ao fazê-lo embaça a vista e consequentemente vendo pior. Não só através deste mecanismo, durante anos se perde alguma capacidade de focar a atenção no campo visual central (que corresponde à fóvea, a parte mais sensível da retina). Este mecanismo chama Bates de Difusão, em oposição ao correcto, que é a Centralização (é este o mecanismo que provoca, a quem está habituado a fixar a vista, a dificuldade típica em usar os óculos de pin-hole – através dos quais se vêem imagens duplas, triplas, etc.)

É necessário entender que a centralização só é correta se for acompanhada pelo movimento. Não funciona se fixar a vista. Ao invés, fixar a vista produz invariavelmente o efeito oposto e entra-se no círculo vicioso típico pelo qual se fixa, não se vê bem porque se perdem detalhes e a ansiedade leva a vista a fixar ainda mais.
Uma experiência típica: "as pedras"

Observe duas pedras deslocando a sua vista de uma para outra, considerando que a pedra em que se concentra a luz se vê melhor que o outra.

Comece colocando-as a uma distância de cerca de dez centímetros, aproximando-as até que elas se toquem, mantendo a capacidade de ver melhor aquela em que está focado. É importante que a vista se mantenha em movimento ("desenhando" com a vista os contornos da pedra) enquanto se observa cada pedra.

O terceiro princípio: Relaxamento
Relaxamento é difícil na nossa sociedade. Estamos focados para fazer exatamente o oposto. O stress é algo tão presente nas nossas vidas que perdemos a consciência de tê-lo e, em muitos casos, a resposta parece "natural", espontânea.

Invariavelmente, quando relaxamos vemos melhor (e vivemos melhor.) O problema é que, para muitos, é difícil relaxar, e por vezes é uma experiência estranha que gera medos nas pessoas.

Também é importante notar que sem movimento não existe um verdadeiro relaxamento. A pessoa com problemas nos olhos, ao não movê-los, torna-se rígida, não relaxa. E se relaxar a vista recebe claridade, que também está presente na centralização.

O verdadeiro relaxamento também induz a uma mudança profunda na maneira de ver o mundo e da identificação de todas as auto-expressões negativas como "eu devia" ou "eu não consigo" etc.

Artigo traduzido para português por José Coelho, disponível na sua língua original no site:
http://www.metodobates.it/buena-vista/principios.htm

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